Milhares em manif "pela democracia, contra o terrorismo"
Tendo partido do centro da cidade ocre, os manifestantes, sobretudo membros do Movimento de Contestação do 20 de Fevereiro, concentraram-se na praça Jamâa El-Fna, palco, a 28 de Abril, do atentado bombista que fez 17 mortos, 13 dos quais turistas estrangeiros. Eram cerca de 7.000, segundo um jornalista da agência AFP, e entre 2.500 e 3.000, de acordo com o ministério do Interior marroquino. "Não ao terrorismo!", gritavam. "Um rei que reina mas não governa", "Por uma nova Constituição", "Justiça Social", "Não à corrupção", lia-se nos cartazes que brandiam.
"O atentado não vai mudar a nossa mobilização", disse Mina Bouchkioua, uma professora, militante do Movimento do 20 de Fevereiro, que viajou de Rabat para participar no protesto e criticar "as propostas insuficientes" apresentadas pelo rei Mohammed VI. A 09 de Março, após a primeira manifestação de contestação, a 20 de fevereiro (que deu nome ao movimento), Mohammed VI prometeu reformas constitucionais visando, nomeadamente, reforçar o papel do primeiro-ministro eleito. "O rei não deve estar no centro do poder e é preciso separar os poderes", defendeu a professora, exigindo "a demissão do Governo" e acrescentando que não tem "confiança na comissão" encarregada de propor reformas e criada pelo rei.
Vários outros slogans atacavam esta comissão presidida pelo jurista Adfeltif Menouni. Os manifestantes visaram igualmente dois homens muito próximos do monarca, Mounif Majidi, secretário particular de Mohammed VI, e Fouad Ali el Himma. "Afastem-se do dinheiro e da política", lia-se num grande cartaz, sob as respectivas fotografias. Estas críticas, inimagináveis há alguns meses, foram ainda mais virulentas que nas anteriores manifestações, realizadas a 20 de Fevereiro, 20 de Março e 24 de Abril, no contexto das revoltas que estão a abalar diversos países árabes.